25/07/2008

Polaridade Sexual

Pergunta: Como se processa a polaridade sexual masculina ou feminina, na hora em que o espírito vai encarnar?
Resposta: O cérebro humano é maravilhoso, mas só serve para uma vida, tanto que ele nasce e morre. Tempo virá em que aqui na Terra, nós falaremos assim: eu não morro, quem morre é o corpo que eu utilizo. Tempo virá em que nós tomaremos uma certa distância, o Bhagavad-Gita nos orienta que o nosso eu profundo é muito mais uma testemunha, é muito mais alguém que observa a própria personalidade transitória submersa agindo no corpo carnal, do que, propriamente, um espírito totalmente submisso à forma de pensar desse cérebro físico transitório mortal.
Nós temos um cérebro transitório que nasce e morre com esse corpo, e serve somente para essa vida, atuando apenas conforme os cinco sentidos do corpo. Além disso, nós temos uma mente espiritual " uma espécie de cérebro espiritual " que está presente no nosso corpo espiritual. Ao contrario do cérebro físico, a mente espiritual é atemporal e eterna. Pena, que, através desse cérebro físico a humanidade ainda não pode desenvolver a fundo certos assuntos. Um desses assuntos é o que nós chamamos na Terra de polaridade sexual. Os espíritos poderiam simplesmente falar: o espírito não tem sexo, pois essa assertiva é verdadeira, mas ela nos causa uma pane cerebral, porque o nosso cérebro não sabe imaginar o que é um ser sem sexo, como também não consegue imaginar ou conceber o conceito do nada. Se nós conseguirmos vislumbrar o nada, seria ótimo, mas o nosso cérebro não consegue, ele entra em pane.
A chama divina reside na parte mais intrínseca da nossa alma, é a herança genética que nós herdamos do Pai. É por isso que somos feitos a imagem e semelhança do Pai, não porque tenhamos um corpo físico que se pareça com Deus, mas, na verdade, o que em nós é igual ao Pai é essa mônada existencial. Do jeito que um filho terreno herda a genética dos seus pais terrenos, essa nossa alma mais íntima herdou do Pai Celestial todos os seus atributos. É nisso que nós somos iguais a Ele, nós somos Deuses. Essa parte mais íntima não tem sexo, não apresenta polaridades se entendermos polaridades como sendo expressões existenciais criadoras. Porém, essa essência se expressa de acordo com o ambiente existencial em que o ser está inserido. Existem ambientes existenciais onde é necessária a criação de formas, para que essa essência possa se expressar através delas.
Na pergunta 182, do Livros dos Espíritos, o codificador Alan Kardec questiona aos espíritos se eles poderiam explicar todas as nuanças e diferentes tipos de corpos existentes nos muitos mundos habitados do cosmo. Os espíritos disseram que, na segunda metade do século XIX ainda não era possível isso ser explicado a fundo, pois produziria inquietações e iria ferir suscetibilidades.
Na questão 181, Kardec questiona: Os seres que vivem nesses mundos têm corpos diferentes dos nossos? Os espíritos responderam: É fora de duvida que o principio espiritual, para poder agir sobre a matéria, necessita do concurso de um instrumento material.
Esses instrumentos, que são específicos e comuns a cada natureza planetária ou das realidades existenciais do nível espiritual, qualquer transitoriedade dessa necessita de um instrumento para que a essência nossa alma possa se expressar naquele ambiente através dele.
Aqui na Terra a nossa alma precisa de um corpo físico animal, existem outros ambientes que são outras formas, outros instrumentos. Qualquer instrumento desse, isto é, qualquer corpo transitório, seja lá em que nível se expresse, tem uma polaridade. No caso terreno é necessário que novos corpos sejam criados, para que almas outras possam se expressar. Para isso precisam de um instrumento material corporal. Aqui, neste ambiente, está cheio de almas, mas elas não se expressão porque não têm um instrumento material. As únicas almas que se expressam nesse mundo são as nossas, por estarem encarnadas nesse instrumento material transitório, que nasceu e vai morrer. Por a Terra ser um mundo transitório primário, os corpos são criados através da reprodução sexual.
A Terra tem duas polaridades sexuais, mas tem mundos que existem três, cinco ou mais, só que o nosso cérebro não consegue vislumbrar como isso é possível.
Existem mundos que a forma como os seres se unem, para criar um novo corpo, tem muita semelhança com o ato sexual terreno, mas existem mundos que não tem nada a ver com aquilo que entendemos como sendo sexo.
Existe um mundo que a mãe doa ectoplasma na Terra seria através da boca. Com o seu poder mental e seu amor ela condensa nesse ectoplasma uma espécie de uma massa amorfa. São três que participam da criação desse novo corpo. Um outro ser interfere dando uma espécie de choque elétrico. Ele fica sendo o padrinho dessa massa amorfa. Um terceiro ser participa atuando com o seu poder mental, já que a mente, quando pensa, emite vibrações. Se fossemos fazer uma analogia com a Terra, diríamos que esses seres conseguiriam criar o que aqui na Terra seriam células. Esse último fica como sendo a parte masculina que fecunda essa massa. Esses três seres participaram de uma atitude sexual, porem totalmente diferente da Terra. Só que isso choca o cérebro humano.
Então, falando numa linguagem moderna, o que os espíritos tentaram dizer na segunda metade do século XIX, nós diríamos: A essência da essência da nossa alma não tem polaridade, porque nós somos deuses, somos literalmente iguais ao Pai. Herdamos dele todos os seus potenciais, todos os seus atributos divinos e cabe a cada um de nós, ao longo da eternidade, com o nosso esforço e mérito pessoal, desenvolver essa herança recebida.
Os espíritos dizem que, a única fatalidade que nos espera, o único determinismo que está marcado no currículo existencial do nosso destino, é de que um dia seremos semelhante ao Pai, unificando-nos a Ele. Porém, quando e como atingir esse ponto, dependerá do livre arbítrio de cada um de nós. Alguns vão caminhando em linha mais progressiva e reta, outros fazem curvas de todos os tipos. Nós, que estamos aqui na Terra, nem curva fizemos, nós decaímos, é diferente.
No sentido terráqueo do termo polaridade, na Terra nós só conseguimos entender como sendo polaridade sexual, mas no sentido cósmico ele perde o sentido, pois é algo muito diferente e mais profundo.
O problema da Terra é que tudo que nós pensamos e sentimos, quando estamos nesse corpo, nós marcamos no corpo e também no nosso perispírito. Quando o corpo morre o perispírito sai com todos as marcações feitas nessa e em outras vidas, ou seja, ele sai com a resultante de toda essa confusão. Como nós ainda não temos a habilidade mental educada tínhamos num passado distante, mas adoecemos e perdemos essa capacidade, estamos tentando reconstruí-la , quando o nosso espírito deixa o corpo na hora do sono fisiológico ou quando esse corpo morre, o perispírito se molda de acordo com a ordem que recebe da nossa mente. Se a nossa mente pensa que é homem, o nosso espírito apresenta-se com a forma de homem homem é um só quesito de uma polaridade de uma vida que esse espírito está tendo aqui na Terra. Se ele foi alguém literalmente viciado em sexo, ele se ilude a ponto de achar que na espiritualidade ele também faz sexo, que tem orgasmo e atitudes sexuais, quando isso não existe. Nos níveis mais inferiores, vinculados a Terra, ai sim, a ilusão é tão profunda que os espíritos que se comprazem nesses níveis mais primários pensam que até fazem sexo, ou pensam sentir orgasmo, mas isso é puramente ilusório.
Em níveis espirituais mais sutis, tipo a cidade Nosso Lar descrita por Chico Xavier, no livro Nosso Lar, um dos seus livros junto com o espírito André Luiz , já não há o quesito do concurso sexual, pois os espíritos já não têm a polaridade que tiveram em vida, as forças sexuais da sua alma já se expressam no campo da ternura, do carinho e da cumplicidade de querer ficar junto, promovendo na alma um circuito vibratório elétrico, muito superior aquilo que na Terra nós chamamos de orgasmos.
Mesmo estando submetida às necessidades de um corpo carnal, a mente espiritual é soberana e administra a natureza animal do corpo transitório que ela está utilizando. Quando o espírito sai desse corpo e apresenta-se com a forma espiritual que ele quer que a mente espiritual vibre, se ele está num corpo masculino, mas está pacificado, ou seja, as vibrações dessa polaridade masculina, no campo da sexualidade, pouco afetam a vibração do espírito. Quando esse espírito sai do corpo, instantaneamente a mente espiritual vai se moldar com a reencarnação que mais lhe agradou na Terra. Se foi de mulher, instantaneamente ela se molda através da polaridade feminina, porque o espírito é vitima do seu poder mental, seja para o bem, ou para o mal, seja agradável ou desagradável.
Se eu saí do meu corpo e me encontrei com um escravo, que eu, como dano de terra na Antiguidade, dei um tapa na sua cara, na hora em que eu olho para ele já não estou olhando com esse cérebro e nem com esses olhos, estou olhando com a minha mente espiritual, que possui todos os arquivos de todas as minhas vidas passadas. Quando eu o percebo os arquivos daquela vida se abrem, e ao me lembrar que eu bati na sua cara e se essa é a minha ficção mental, instantaneamente o meu perispírito se transforma e fica usando a forma que eu tinha naquela vida, quando agredi aquele escravo.
Ao contrário, se eu saio do corpo e encontro dois homens que foram meus colegas quando fomos remadores nas naus romanas, mesmo estando do jeito que sou hoje, quando olho para eles, instantaneamente a minha mente espiritual plasma no meu espírito a forma daquela vida em que fomos companheiros.
Ou seja, na espiritualidade somos o produto da fixação mental presente em nós mesmos: se ela é negativa, seremos vitima disso, se é pacificada, eu me apresento da forma como eu mais gosto de me apresentar.
Mas nada disso tem relação com polaridade. Polaridade é apenas o recurso que o universo utiliza para que as almas possam se expressar nas naturezas específicas. Aí sim esses corpos transitórios têm polaridade, mas a alma não tem.
Porem a alma pode se sujar com essas polaridades transitórias e até ficar tão dependente de uma dessas vidas, que pode se plasmar indefinidamente como sendo uma polaridade “X”. Mas isso não quer dizer que a polaridade seja algo da alma e sim das vivências que aquela alma teve e se deixou influenciar muito por uma certa vivência, então assumiu transitoriamente aquela perspectiva. É igual a um ator que faz um papel numa novela e aquele papel é tão forte que o ator termina assimilando, trazendo para ele mesmo os hábitos que o personagem dele estava utilizando na novela. É mais ou menos assim que funciona.
Em resumo, o nosso espírito é igual ao do Pai, não tem polaridade se por isso entendermos tendências ou formação sexual, nesse ou naquele sentido. Porém, no universo da transitoriedade, onde as almas necessitam de corpos transitórios para poder experiênciar as vivencias daqueles mundos, as almas se submetem às formas transitórias. Cada forma transitória pode ter uma polaridade distinta. Na Terra, só existe duas, mas existem mundos ai fora que têm mais de duas. Essas polaridades são apenas recursos das naturezas desses mundos para criar novos corpos e permitir que outras almas possam também por ali expressar vivencias.
Pergunta: Seria correto afirmar que é possível amar independente de polaridade?
Resposta: Duas das pessoas que eu mais amo nesse mundo são amigos meus e eu nunca senti atração sexual por nenhum deles e provavelmente vice-versa também.
Pergunta: O homossexualismo seria uma coisa natural?
Resposta: O natural, que eu me refiro, é em termo de espírito, já que o espírito não tem essa bobagem de heterossexualidade ou homossexualidade. Isso é um problema cultural, ou de conceitos específicos dessas realidades transitórias.
Na espiritualidade, nós nos unimos àquelas almas que temos profunda afinidade. Existem casas em certas cidades espirituais que vivem dez homens, são dez espíritos que mantêm a polaridade masculina e que adoram ficar juntos; ou 10 mulheres; ou 4 homens e três mulheres. Pode-se pensar que é suruba, mas não tem nada de sexo, não funciona assim. A questão do sexo, às vezes, impede a tal ponto o ser humano de evoluir, que ele tem dificuldade de imaginar que alguém que hoje é sua filha pode ter sido sua esposa numa vida passada. E ai como é que eu fico? Não tem nenhum problema, não existe isso, mas na condição humana não temos como aprofundar essa questão.
Um dos assuntos que os espíritos não costumam aprofundar é a questão da homossexualidade, porque, segundo eles, nós, homem e mulheres do século XXI, ainda não superamos a carga de conceitos e preconceitos que pensamos ter sobre esse assunto. São conceitos equivocados, os próprios movimentos homossexuais entronizaram muitos conceitos completamente equivocados. Então não é ainda o momento para que isso seja esclarecido pela espiritualidade. Os espíritos dizem que não há a menor importância, na condição atual terrena, alguém ser heterossexual ou homossexual, até porque, segundo o que o meu amigo espiritual fofoqueiro costuma me dizer, as almas mais belas que ele conhece, numa certa região aqui, todos são homossexuais.
Aqui na Terra nós somos medidos pelo amor que nós amealhamos no próprio coração. O resto é bobagem.
Na Terra, cada espírito só é avaliado pelo amor que semeia ao longo da sua existência, a sua preferência sexual absolutamente não tem importância. Se a pessoa que se assume como homossexual também o faz pacificado é problema zero, não existe problema. Os heterossexuais da Terra são muito mais problemáticos, em termo cármicos, do que os homossexuais  vamos assim falar. A questão não está ai.
Mas se partirmos para o aspecto negativo da vulgaridade, o problema é semelhante, tanto na heterossexualidade como na homossexualidade. O sexo vulgar faz mal a alma, seja lá que tipo for expresso. Alguns afirmam que a homossexualidade é doença, mas não é. No sentido do espírito é desnecessária, como também a atitude sexual “natural” heterossexual também é desnecessária para a alma. Às vezes até incomoda a alma: Existem espíritos encarnados na Terra cuja vibração está mais para natureza espiritual do que para a natureza animal dos seus corpos transitórios.
A sensação sexual, às vezes, incomoda o psiquismo espiritual, pela a importância que a personalidade transitória termina dando ao concurso sexual. Isso não tem importância, porém, qual é o problema do sexo?
São dois: um no sentido direto e o outro no sentido indireto.
No sentido direto: se a alma deixa o corpo e ainda continua viciada nas sensações orgasmáticas, seja homossexual ou heterossexual, o problema é feio, o espírito vai sofrer.
Se através das suas expressões sexuais você fez alguém gostar de você, quando o seu interesse era puramente sexo, e esse alguém vai ser infeliz ao longo da vida, porque você não pode dar a devida guarida amorosa, isso é um problema espiritual sério; ou se você gerou um filho ou uma filha e não deu assistência; ou provocou aborto, é um outro problema sério; mas em não havendo essas componentes indiretas, como subproduto do sexo, não tem problema.


Descurso de Jan Val Ellam na reunião do grupo Atlan.
Natal, 12.09.05
Transcrição: Luiz Carlos

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