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03/10/2008

O poder dos médiuns


Como a ciência justifica as manifestações de contato com espíritos e por que algumas pessoas desenvolvem o dom

por Suzane Frutuoso fotos Murillo Constantino

O espiritismo é seguido por 30 milhões de pessoas no mundo. O Brasil é a maior nação espírita do planeta. São 20 milhões de adeptos e simpatizantes, segundo a Federação Espírita Brasileira – no último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2,3 milhões declararam seguir os preceitos do francês Allan Kardec, o fundador da doutrina. A mediunidade, popularizada pelas psicografias de Chico Xavier, em Uberaba (MG), ganhou visibilidade nos últimos anos na mesma proporção em que cresceu o espiritismo. Mas nada se compara ao poder da mídia atual, que permite debater os ensinamentos da religião por meio de livros, programas de tevê e rádio. Os romances com temática espiritualista de Zíbia Gasparetto, por exemplo, são presença constante nas listas de mais vendidos.
Embora não haja estatísticas de quantos entre os praticantes são médiuns, o que se observa é uma quantidade maior de pessoas que afirmam possuir o dom. O interesse pela religião fundamentada por Kardec (por isso também chamada de kardecismo) é confirmado pelo recorde de público do filme Bezerra de Menezes – o diário de um espírito, do cineasta Glauber Filho: 250 mil espectadores, desde o lançamento nos cinemas, em 29 de agosto. Um número alto para uma produção nacional. O longa, com o ator Carlos Vereza (também praticante do espiritismo) no papel-título, conta a história do cearense que ficou conhecido como “médico dos pobres”, se tornou ícone da doutrina e orienta médiuns em centenas de centros a se dedicar ao bem e à caridade.

PSICOGRAFIA
Instrumento por meio dos livros
A psicóloga Marilusa Vasconcelos, 65 anos, de São Paulo, é conhecida no espiritismo pela sua vasta literatura psicografada. Em 40 anos de dedicação à mediunidade, publicou 61 livros. Seu orientador é o espírito do poeta Tomás Antonio Gonzaga, que participou da Inconfidência Mineira. A dedicação à psicografia levou Marilusa a fundar em 1985 a Editora Espírita Radhu, sigla para renúncia, abnegação, desprendimento e humildade, a base dos ensinamentos na doutrina. Ela reúne outros dons, como ouvir, falar e enxergar espíritos e ser instrumento deles na pintura mediúnica. “Os vários tipos surgiram desde a infância”, conta Marilusa, que nasceu numa família espírita. “O controle da mediunidade é indispensável. O médium não é joguete do espírito. Eles interagem, num acordo mútuo de tarefa.”

Os espíritas dizem que todas as pessoas têm algum grau de mediunidade. Qualquer um seria capaz de emitir pensamentos em forma de ondas eletromagnéticas que chegariam a outros planos. O que torna algumas pessoas especiais, segundo os praticantes, a ponto de se transformarem em canais de comunicação com os mortos, é uma missão – designada antes mesmo de nascerem, determinada por ações em vidas anteriores e que tem na caridade o objetivo final. “É uma tarefa em favor da evolução de si mesmo e da ajuda ao próximo”, diz Julia Nesu, diretora do departamento de doutrina da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Fenômenos relacionados a pessoas que falavam com mortos e envolvendo objetos que se mexiam são relatados desde o século XVII, tanto na Europa quanto nas Américas, mas hoje cientistas tentam compreender o fenômeno. Algumas linhas de pesquisa mostram que o cérebro dos médiuns é diferente dos demais.
São cinco os meios de expressão da mediunidade. A psicografia, que consagrou Chico Xavier, é a mais conhecida. Nela, o médium escreve mensagens e histórias que recebe de espíritos. Estaria sob o controle deles o que as mãos transcrevem. A vidência permite enxergar os mortos que não conseguiram se desvencilhar da Terra ao não aceitarem a morte ou que aparecem para enviar recados a entes queridos. Na psicofonia, o sensitivo é capaz de ouvir e reproduzir o que os espíritos dizem e pedem. A psicopictografia, ou pintura mediúnica, permite ao médium ser instrumento de artistas desencarnados (termo usado pela doutrina para designar mortos). A mediunidade da cura é responsável pelas chamadas cirurgias espirituais. Não é incomum um mesmo indivíduo reunir mais de um tipo de dom.

VIDÊNCIA
Ver e auxiliar aqueles que estão em outro plano
Aos cinco anos, o chefe de faturamento hospitalar Ivanildo Protázio, de São Paulo, 49 anos, pegava no sono com o carinho nos cabelos que uma senhora lhe fazia todas as noites. Descobriu tempos depois que era a avó, morta anos antes. Aos 19 anos, os espíritos já se materializavam para ele. “Nunca tive medo. Sempre me pareceu natural.” A mãe, que trabalhava na Federação Espírita, o encaminhou para as aulas em que aprenderia a lidar com o dom. Hoje, Protázio é professor de educação mediúnica. Essa é uma parte da sua missão. A outra é orientar os espíritos que lhe pedem auxílio para entender o que aconteceu com eles. A oração é o remédio. “Os espíritos superiores me ensinaram a importância da caridade para nossa própria evolução.”

A reportagem de ISTOÉ presenciou uma manifestação mediúnica em Indaiatuba, interior de São Paulo. O tom de voz baixo e os gestos delicados de Solange Giro, 46 anos, sugeriam que ela carrega certa timidez ao expor a própria vida numa conversa com um estranho. Cerca de duas horas depois, porém, é difícil acreditar no que os olhos vêem. Diante de uma tela em branco, sobre uma mesa improvisada com dezenas de tubos de tinta, a mulher começa a pintar um quadro na seqüência de outro. O tempo gasto em cada um não passa de nove minutos. As obras são coloridas e harmoniosas. “Nunca fiz aula de artes. Mal conseguia ajudar meus filhos com os desenhos da escola”, diz, minutos antes da apresentação. A discreta Solange dá lugar a uma pessoa que fala alto, canta e encara os interlocutores nos olhos, com ar desafiador. A assinatura nas telas não leva seu nome, mas de artistas famosos – e já mortos –, como Monet, Mondrian e Tarsila do Amaral. Seria uma interpretação digna de uma atriz? Talvez. O que difere o momento de uma encenação é subjetivo e dá margem a dezenas de explicações – convincentes ou não. Talvez seja possível encontrar respostas no que a artista diz a cada uma das pessoas da platéia presenteadas com um dos dez quadros produzidos na noite. Enquanto entregava a obra, ela desferia características e situações de vida de cada um absolutamente desconhecidas dela. O mentor que a guia é o médico holandês Ernst, que viveu no século XVII. A sensitiva garante que era ele, não ela, quem estava presente na pintura dos quadros.
Nem sempre é fácil aceitar a mediunidade, que pode causar medo quando começa a se manifestar. “Ainda hoje não gosto quando vejo o possível desencarne de alguém. Nestas horas, preferia não saber”, conta a psicóloga Marilusa Moreira Vasconcelos, 65 anos, de São Paulo, que psicografa. O médium de cura Wagner Fiengo, analista fiscal paulistano, 37 anos, chegou a se afastar da doutrina. “Aos 13 anos não entendia por que presenciava aquilo.” Para manter a sanidade e o equilíbrio, as pessoas que possuem dons e querem fazer parte da religião espírita precisam se dedicar à educação mediúnica. O curso leva cinco anos. Inclui os ensinamentos que Allan Kardec compilou no Livro dos espíritos – a obra que deu base ao entendimento da doutrina – e no Livro dos médiuns – que explica quais são os tipos de mediunidade, como eles se manifestam e os cuidados a serem tomados. Entre eles, o combate a falhas de comportamento, como vaidade, orgulho e egoísmo. O espiritismo prega que as imperfeições da personalidade atraem espíritos com a mesma vibração. “O pensamento é tudo. Aqueles que pensam positivo atrairão o que é semelhante. O mesmo acontece com o pensamento negativo e os vícios. Quem gosta de beber, por exemplo, chama a companhia de espíritos alcoólatras”, afirma o professor de educação mediúnica Ivanildo Protázio, 49 anos, de São Paulo, que tem o dom da vidência.

PSICOFONIA
Falar o que os espíritos querem dizer
A intuição do servidor público Geraldo Campetti, 42 anos, de Brasília, começou na infância. Ele tinha percepções inexplicáveis, das quais mais ninguém se dava conta. Era como se absorvesse sentimentos que não eram seus. Apenas identificava que existia algo além do que seus olhos enxergavam. Até que as sensações começaram a tomar forma. Campetti passou a ouvir súplicas de ajuda. De espíritos, inconformados com a morte. Aos 29 anos, não se assustou. De família kardecista, conhecia a mediunidade. “Mas sabia que precisava estudar para manter o equilíbrio”, diz. Hoje diretor da Federação Espírita Brasileira, afirma ter controle sobre o dom de ouvir e transmitir recados dos mortos. Eventualmente, um espírito pede uma mensagem à pessoa com quem ele conversa. “Isso é espontâneo, não da minha vontade.”

Imaginar que convivemos no cotidiano com pessoas que estão mortas vai além da compreensão sobre a vida – pelo menos para quem não acredita em reencarnação. Mas até na ciência já existem aqueles que conseguem casar racionalidade com dons espirituais. Esses especialistas afirmam que a mediunidade é um fenômeno natural, não sobrenatural. E que o mérito de Allan Kardec foi explicar de maneira didática o que sempre esteve presente – e registrado – desde a criação do mundo em todas as religiões. O que seria, dizem os defensores da doutrina, a anunciação do Anjo Gabriel a Maria, mãe de Jesus, se não um espírito se comunicando com uma sensitiva?
Apesar desse contato constante, os mortos, ou desencarnados, como preferem os espíritas, não aparecem em “carne e osso”. A ligação com o mundo dos vivos seria possível graças ao perispírito, explica Geraldo Campetti, diretor da Federação Espírita Brasileira. “Ele é o intermediário entre o corpo e o espírito. A polpa da fruta que fica entre a casca e o caroço.” O perispírito seria formado por substâncias químicas ainda desconhecidas pelos pesquisadores terrenos, garantem os adeptos do espiritismo. “É a condensação do que Kardec batizou como fluido cósmico universal”, afirma o neurocirurgião Nubor Orlando Facure, diretor do Instituto do Cérebro de Campinas. Nas quatro décadas em que estuda a manifestação da mediunidade no cérebro, Facure mapeou áreas cerebrais que seriam ativadas pelo fluido.

CURA
Cirurgias sem dor nem sangue
O primeiro espírito a se materializar para o analista fiscal Wagner Fiengo, 37 anos, de São Paulo, foi de um primo. Ele tinha dez anos, teve medo e se afastou. Mas, na juventude, um tio, seguidor da doutrina, avisou que era hora de ele se preparar para a missão que lhe fora reservada. Por meio da psicografia, seu guia espiritual, o médico Ângelo, informou que teriam um compromisso: curar pessoas. Ele não foi adiante. Uma pancreatite surgiu sem que os médicos diagnosticassem os motivos. Há quatro anos, seu guia explicou que as doenças eram ajustes a erros que Fiengo havia cometido numa vida passada. A missão era a forma de equilibrar a saúde e a alma. Em 2004, iniciou as cirurgias espirituais. Ele diz que não é uma substituição ao tratamento convencional. “É um auxílio na cura de fatores emocionais e físicos.”

Comprovar cientificamente a mediunidade também é objetivo do psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira, professor de medicina e espiritualidade da Faculdade de Medicina da USP e membro da Associação Médica-Espírita de São Paulo. Com exames de tomografia, ele analisou a glândula pineal (uma parte do cérebro do tamanho de um feijão) de cerca de mil pessoas. “Os testes mostraram que aqueles com facilidade para manifestar a psicografia e a psicofonia apresentam uma quantidade maior do mineral cristal de apatita na pineal”, afirma Oliveira. Ele também atende, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, casos de pacientes de doenças como dores crônicas e epilepsia que receberam todos os tipos de tratamento, não tiveram melhora e relatam experiências ligadas à mediunidade. “Somamos aos cuidados convencionais, como o remédio e a psicoterapia, a espiritualidade, que vai desde criar o hábito de orar até a meditação. E os resultados têm sido positivos.” Uma pesquisa de especialistas da USP e da Universidade Federal de Juiz de Fora, publicada em maio no periódico The Journal of Nervous and Mental Disease, comparou médiuns brasileiros com pacientes americanos de transtorno de múltiplas personalidades (caracterizado por alucinações e comportamento duplo). Eles concluíram que os médiuns apresentam prevalências inferiores de distúrbios mentais, do uso de antipsicóticos e melhor interação social.
A maior parte dos cientistas acredita que a mediunidade nada mais é do que a manifestação de circuitos cerebrais. Alguns já seriam explicáveis, como os estados de transe. Pesquisas da Universidade de Montreal, no Canadá, e da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, comprovaram que, durante a oração de freiras e monges católicos, a área do cérebro relacionada à orientação corporal é quase toda desativada, o que justificaria a sensação de desligamento do corpo. Os testes usaram imagens de ressonâncias magnéticas e tomografias feitas no momento do transe.
A teoria seria aplicável ao transe mediúnico, quando o médium diz incorporar o espírito e não se lembra do que aconteceu. Pesquisadores da Universidade de Southampton, na Inglaterra, estudaram pessoas que estiveram entre a vida e a morte e relataram se ver fora do próprio corpo durante uma operação ou entrando em contato com pessoas mortas. Os estudiosos concluíram se tratar de um fenômeno fisiológico produzido pela privação de oxigênio no cérebro. Trabalhando sob stress, o órgão seria também inundado de substâncias alucinógenas. As imagens criadas pela mente seriam apenas a retomada de percepções do cotidiano guardadas no inconsciente.

PSICOPICTOGRAFIA
Milhares de quadros pintados
Criada numa família católica, Solange Giro, 46 anos, de Parapuã, interior de São Paulo, teve o primeiro contato com o espiritismo aos 20 anos, ao conhecer o marido. Ele, que perdera uma noiva, buscava o entendimento da morte. Já casada e com dois filhos, passou a sofrer de depressão. Encontrou alívio na desobsessão (trabalho que libertaria a pessoa de um espírito que a domina). A mediunidade dava os primeiros sinais. Logo passou a ouvir e ver espíritos. O dom da psicografia veio em seguida. Era um treino para ser iniciada na pintura mediúnica. “Pintei cinco mil quadros no primeiro ano. Estão guardados. Não tive autorização para mostrálos”, conta Solange, que diz nunca ter estudado artes. Nos últimos 13 anos, ela recebeu aval de seu mentor para vender os quadros. O dinheiro é revertido para a caridade.

O psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira rebate a incredulidade. “Se uma pessoa está em cirurgia numa sala e consegue descrever em detalhes o que ocorreu em um ambiente do outro lado da parede, é possível ser apenas uma sensação?” Essa é uma pergunta que nenhuma das frentes de pesquisa se arrisca – ou consegue – a responder com exatidão. Da mesma maneira que todos os presentes à sessão de pintura em Indaiatuba saíram atônicos, sem conseguir explicar como alguém que conheceram numa noite foi capaz de decifrar suas angústias mais inconfessáveis.


fonte: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2030/artigo103763-1.htm

29/09/2008

Sintomas de Mediunidade

A mediunidade é faculdade inerente a todos os seres humanos, que um dia se apresentará ostensiva mais do que ocorre no presente momento histórico.

À medida que se aprimoram os sentidos sensoriais, favorecendo com mais amplo cabedal de apreensão do mundo objetivo, amplia-se a embrionária percepção extrafísica, ensejando o surgimento natural da mediunidade.

Não poucas vezes, é detectada por características especiais que podem ser confundidas com síndromes de algumas psicopatologias que, no passado, eram utilizadas para combater a sua existência.

Não obstante, graças aos notáveis esforços e estudos de Allan Kardec, bem como de uma plêiade de investigadores dos fenômenos paranormais, a mediunidade vem podendo ser observada e perfeitamente aceita com respeito, face aos abençoados contributos que faculta ao pensamento e ao comportamento moral, social e espiritual das criaturas.

Sutis ou vigorosos, alguns desses sintomas permanecem em determinadas ocasiões gerando mal-estar e dissabor, inquietação e transtorno depressivo, enquanto que, em outros momentos, surgem em forma de exaltação da personalidade, sensações desagradáveis no organismo, ou antipatias injustificáveis, animosidades mal disfarçadas, decorrência da assistência espiritual de que se é objeto.

Muitas enfermidades de diagnose difícil, pela variedade da sintomatologia, têm suas raízes em distúrbios da mediunidade de prova, isto é, aquela que se manifesta com a finalidade de convidar o Espírito a resgates aflitivos de comportamentos perversos ou doentios mantidos em existências passadas. Por exemplo, na área física: dores no corpo, sem causa orgânica; cefalalgia periódica, sem razão biológica; problemas do sono - insônia, pesadelos, pavores noturnos com sudorese -; taquicardias, sem motivo justo; colapso periférico sem nenhuma disfunção circulatória, constituindo todos eles ou apenas alguns, perturbações defluentes de mediunidade em surgimento e com sintonia desequilibrada. No comportamento psicológico, ainda apresentam-se: ansiedade, fobias variadas, perturbações emocionais, inquietação íntima, pessimismo, desconfianças generalizadas, sensações de presenças imateriais - sombras e vultos, vozes e toques - que surgem inesperadamente, tanto quanto desaparecem sem qualquer medicação, representando distúrbios mediúnicos inconscientes, que decorrem da captação de ondas mentais e vibrações que sincronizam com o perispírito do enfermo, procedentes de Entidades sofredoras ou vingadoras, atraídas pela necessidade de refazimento dos conflitos em que ambos - encarnado e desencarnado - se viram envolvidos.

Esses sintomas, geralmente pertencentes ao capítulo das obsessões simples, revelam presença de faculdade mediúnica em desdobramento, requerendo os cuidados pertinentes à sua educação e prática.

Nem todos os indivíduos, no entanto, que se apresentam com sintomas de tal porte, necessitam de exercer a faculdade de que são portadores. Após a conveniente terapia que é ensejada pelo estudo do Espiritismo e pela transformação moral do paciente, que se fazem indispensáveis ao equilíbrio pessoal, recuperam a harmonia física, emocional e psíquica, prosseguindo, no entanto, com outra visão da vida e diferente comportamento, para que não lhe aconteça nada pior, conforme elucidava Jesus após o atendimento e a recuperação daqueles que O buscavam e tinham o quadro de sofrimentos revertido.

Grande número, porém, de portadores de mediunidade, tem compromisso com a tarefa específica, que lhe exige conhecimento, exercício, abnegação, sentimento de amor e caridade, a fim de atrair os Espíritos Nobres, que se encarregarão de auxiliar a cada um na desincumbência do mister iluminativo.

Trabalhadores da última hora, novos profetas, transformando-se nos modernos obreiros do Senhor, estão comprometidos com o programa espiritual da modificação pessoal, assim como da sociedade, com vistas à Era do Espírito imortal que já se encontra com os seus alicerces fincados na consciência terrestre.

Quando, porém, os distúrbios permanecerem durante o tratamento espiritual, convém que seja levada em conta a psicoterapia consciente, através de especialistas próprios, com o fim de auxiliar o paciente-médium a realizar o autodescobrimento, liberando-se de conflitos e complexos perturbadores, que são decorrentes das experiências infelizes de ontem como de hoje.

O esforço pelo aprimoramento interior aliado à prática do bem, abre os espaços mentais à renovação psíquica, que se enriquece de valores otimistas e positivos que se encontram no bojo do Espiritismo, favorecendo a criatura humana com alegria de viver e de servir, ao tempo que a mesma adquire segurança pessoal e confiança irrestrita em Deus, avançando sem qualquer impedimento no rumo da própria harmonia.

Naturalmente, enquanto se está encarnado, o processo de crescimento espiritual ocorre por meio dos fatores que constituem a argamassa celular, sempre passível de enfermidades, de desconsertos, de problemas que fazem parte da psicosfera terrestre, face à condição evolutiva de cada qual.

A mediunidade, porém, exercida nobremente se torna uma bandeira cristã e humanitária, conduzindo mentes e corações ao porto de segurança e de paz.

A mediunidade, portanto, não é um transtorno do organismo. O seu desconhecimento, a falta de atendimento aos seus impositivos, geram distúrbios que podem ser evitados ou, quando se apresentam, receberem a conveniente orientação para que sejam corrigidos.

Tratando-se de uma faculdade que permite o intercâmbio entre os dois mundos - o físico e o espiritual - proporciona a captação de energias cujo teor vibratório corresponde à qualidade moral daqueles que as emitem, assim como daqueloutros que as captam e as transformam em mensagens significativas.

Nesse capítulo, não poucas enfermidades se originam desse intercâmbio, quando procedem as vibrações de Entidades doentias ou perversas, que perturbam o sistema nervoso dos médiuns incipientes, produzindo distúrbios no sistema glandular e até mesmo afetando o imunológico, facultando campo para a instalação de bactérias e vírus destrutivos.

A correta educação das forças mediúnicas proporciona equilíbrio emocional e fisiológico, ensejando saúde integral ao seu portador.

É óbvio que não impedirá a manifestação dos fenômenos decorrentes da Lei de Causa e Efeito, de que necessita o Espírito no seu processo evolutivo, mas facultará a tranqüila condução dos mesmos sem danos para a existência, que prosseguirá em clima de harmonia e saudável, embora os acontecimentos impostos pela necessidade da evolução pessoal.

Cuidadosamente atendida, a mediunidade proporciona bem-estar físico e emocional, contribuindo para maior captação de energias revigorantes, que alçam a mente a regiões felizes e nobres, de onde se podem haurir conhecimentos e sentimentos inabituais, que aformoseiam o Espírito e o enriquecem de beleza e de paz.

Superados, portanto, os sintomas de apresentação da mediunidade, surgem as responsabilidades diante dos novos deveres que irão constituir o clima psíquico ditoso do indivíduo que, compreendendo a magnitude da ocorrência, crescerá interiormente no rumo do Bem e de Deus.

Manoel Philomeno de Miranda (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Temas da Vida e da Morte

24/09/2008

A mediunidade nos animais

Muitas vezes, os animais percebem a presença dos espíritos até mesmo antes dos sensitivos. Mas eles podem ser “médiuns” como o homem?

Irvênia Prada - Texto extraído do livro "A Questão Espiritual dos Animais"

No capítulo XXII, item 236, de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, encontramos um comentário do espírito Erasto no sentido de existirem evidências de que os espíritos podem se tornar visíveis e tangíveis para os animais, bem como estes compreendem certos pensamentos do homem. Ernesto Bozzano diz que certos animais percebem a presença de espíritos antes dos próprios sensitivos e que há aqueles que demonstram possuir certas faculdades psíquicas, como a telepatia.

Em seu livro Mediunidade: vida e comunicação, o prof. J. Herculano Pires comenta a respeito da ocorrência de casos impressionantes de materialização de animais em sessões experimentais, informando ainda sobre o relato de numerosos casos de manifestações animais na Inglaterra, que constam nos Anais das Sociedades de Pesquisas Psíquicas. Andrew Lang, em relato presente em outro livro de Pires, Espírito e o Tempo, conta que fantasmas de cães foram visualizados, além de seus ganidos serem ouvidos, por diversas pessoas, simultaneamente, na tribo de Queensland, na Austrália.

Frente a essas colocações, naturalmente surgem as perguntas. O que tudo isso significa? Esses fenômenos são mediúnicos? Os animais podem atuar como médiuns? Na época de Kardec, como indica Erasto em O Livro dos Médiuns, a questão da mediunidade dos animais era freqüentemente proposta sobretudo em razão de fatos que revelavam indícios de inteligência por parte de alguns pássaros educados pelo homem, que pareciam adivinhar pensamentos, chegando a retirar de um maço de cartas aquelas que correspondiam exatamente ao pedido feito. Dado o interesse que despertou, essa questão foi discutida na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, estando o correspondente artigo publicado na edição de setembro de 1861 da Revista Espírita.

Para analisarmos a possibilidade dos animais atuarem ou não como médiuns, vamos considerar as diferentes maneiras de atuação do médium nos diversos tipos de manifestações dos espíritos.

MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES

Embora, à primeira vista, pareçam ser simples as questões referentes ao conceito de fenômeno mediúnico e de médium, bem como à precisa definição de fenômenos de efeitos físicos e de manifestações inteligentes, na realidade, elas são complexas e envolvem muita reflexão e senso crítico. Por isso, é melhor definir de início o perfil desses fenômenos, a fim de que tenhamos condições de avaliar como os animais poderiam ou não participar de seu mecanismo.

Às vezes, para se referir às manifestações inteligentes, Kardec usa também o termo “intelectual”. Aliás, como afirma Hermínio C. Miranda em Diversidade dos Carismas, “fenômeno mediúnico, de fato, na plenitude de sua conotação semântica, é o de efeito intelectual, no qual o sensitivo funciona realmente como o canal de comunicação entre encarnados e desencarnados”. Ele lembra ainda que se lê o seguinte em O Livro dos Médiuns: “Os efeitos inteligentes são os que o espírito produz, servindo-se dos elementos existentes no cérebro do médium”. Segundo o autor, ter-se-ia o próprio cérebro como central nervosa, como ponto de comando do sistema. Portanto, neste tipo de manifestação, o médium age como intermediário, entendendo-se que a ligação é de mente para mente, com a irradiação do pensamento. “Para uma comunicação inteligente, há necessidade de um intermediário inteligente e esse é o espírito do médium”, diz O Livro dos Médiuns.

A psicofonia e a psicografia se caracterizam neste tipo de manifestação. Para que o fenômeno aconteça, é necessário que o fluido do perispírito do espírito comunicante se combine com o fluido do médium, criando-se a atmosfera mais apropriada para que o pensamento do primeiro alcance a mente e o cérebro do segundo. A respeito disso, André Luiz, no capítulo 8 de Nos Domínios da Mediunidade, descreve o mecanismo intrínseco do fenômeno de psicofonia consciente e inconsciente.

Em uma comunicação que se seguiu à discussão do assunto na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e que consta no capítulo XXII de O Livro dos Médiuns, Erasto comenta que não havendo afinidade entre o fluido do homem e do animal, não há possibilidade deste atuar como médium. Refere-se ainda ao fato de que os espíritos tiram do cérebro do médium os elementos necessários para dar ao pensamento deles a forma sensível para nós. Então, questiona que elementos seriam encontrados no cérebro de um animal. Ele admite que alguns animais, principalmente os adestrados, compreendem certos pensamentos do homem, mas, não os podendo reproduzir, não podem nos servir de intérpretes. Aqui temos um fato interessante, pois se a restrição apontada é a dos animais não poderem reproduzir o que eventualmente entendam, há, então, os que podem fazê-lo!

A ciência acaba de demonstrar que chipanzés e gorilas são capazes de se comunicar com os homens usando a linguagem de sinais para surdos-mudos. O casal Allen e Beatrix Garner, ambos cientistas do corpo docente da Universidade de Nevada, nos Estados Unidos, e seu assistente Roger Fouts, autor do livro O Parente Mais Próximo, ensinara a linguagem para a gorila Washoe e outros chipanzés, através da qual ela é capaz de articular frases gramaticalmente corretas e expressar sentimentos como solidariedade, raiva, compaixão, ciúme, inveja e senso de humor.

Fouts ressalta que, além da habilidade de aprender demonstrada pelos animais, o mais importante foi a confirmação de que a capacidade de transmitir informações não é exclusiva dos seres humanos. Em sua relação com os filhotes e outros membros do grupo, a mãe ensina a linguagem humana aprendida, comprovando sua capacidade de reproduzir informações. O assistente afirma ainda que o caso de Washoe não é isolado, pois vários outros chimpanzés demonstraram a mesma aptidão.

Essas considerações ficam como uma porta aberta para reflexões e, um dia, quem sabe, à possibilidade de pesquisas sobre o assunto. Talvez, essa capacidade dos animais compreenderem determinados pensamentos do ser humano esteja relacionada à citação de Ernesto Bozzano a respeito da participação deles em fenômenos de telepatia. No livro Mediunidade: vida e comunicação, mais precisamente no capitulo intitulado “Mediunidade Zoológica”, o prof. J. Herculano Pires tece considerações sobre o desenrolar do processo evolutivo, desde o reino mineral até o hominal, asseverando que “o animal só terá condições para a mediunidade ao atingir a síntese dos poderes dispersos nas espécies de seu reino para se elevar ao plano humano, só que, então, não será mais animal, mas homem”.

É evidente que existe um abismo entre a mente de um chimpanzé e a do homem, mas certamente o julgávamos bem maior. Portanto, no caso do fenômeno mediúnico de efeitos intelectuais ou inteligentes, parece correto admitir, de forma coerente com o que encontramos nos livros básicos da codificação, que os animais em geral não possuem condições de participar do processo como médiuns ou intermediários.

Dessa forma, em que pese o respeito que devemos ter com a figura de Edgard Armond, não temos como aceitar, à luz da doutrina espírita, a descrição que encontramos sobre o assunto no capítulo 13 de seu livro Mediunidade: “Na Índia, homens-tigres, incorporação ou semi-incorporação de feiticeiros em tigres que funcionam como médiuns (...) Na África e outros lugares, mulheres e homens, encarnados e desencarnados, incorporam-se em animais domésticos, como cães ou gatos, e selvagens, como lobos, raposas, veados, entre outros”.

EFEITOS FÍSICOS

No caso de manifestações de efeitos físicos, o médium não atua como um intermediário, mas como um colaborador do fenômeno, fornecendo fluidos que, combinados com aqueles do espírito agente, saturam a matéria objeto do fenômeno. “O espírito precisa da matéria para agir sobre ela”, afirma O Livro dos Médiuns. Entendo que isso se trate da necessidade do espírito se valer da matéria mais sutil, ou seja, de fluidos, para agir sobre aquela mais grosseira. Esse também é o mecanismo dos processos de materialização de espíritos humanos e, quem sabe, venha a explicar “os casos impressionantes de materialização de animais”, como relata Herculano Pires. O espírito Erasto faz o seguinte alerta: “Costuma-se dizer que os espíritos mediunizam e fazem mover a matéria inerte, as cadeiras, as mesas, os pianos. Fazem mover, sim, mas mediunizar, não”. Aliás, o próprio Erasto esclarece que os espíritos agem sobre a matéria inerte com os elementos que o médium lhes fornece. “Assim, o envoltório fluídico mais sutil do espírito, unindo-se, casando-se, combinando-se com o envoltório fluídico mais animalizado do médium, permite ao espírito movimentar os objetos”, explicou. Lembremo-nos que a expressão “fluido animalizado” se refere ao fluido vital do ser que tem o “anima”, ou seja, que tem vida, que é encarnado.

Sabemos que os espíritos procuram em elementos da natureza, como determinadas ervas e outras plantas, substâncias de que necessitam para auxiliar encarnados ou desencarnados. André Luiz relata que espíritos ou perispíritos de enfermos encarnados, em desdobramento durante o sono, são levados para a beira do mar, uma fonte inesgotável de fluido vital. Ali, existe uma infinidade de seres vivos, animais e vegetais, e o fluido vital certamente vem deles, sendo adequadamente modificado para que possa ser devidamente utilizado. Trata-se do fenômeno de ectoplasmia, que conta com a participação de diversos tipos de seres vivos que se encontram na condição de doadores de fluidos vitais.

Em determinados fenômenos, discute-se se a ocorrência é de mediunidade mesmo ou de animismo. Assim, referindo-se aos médiuns videntes, Kardec comenta no livro Obras Póstumas: “Seria, porventura, demasiado considerar essas pessoas como médiuns, porquanto a mediunidade se caracteriza unicamente pela intervenção dos espíritos, não se podendo ter como ato mediúnico o que alguém faz por si mesmo. Aquele que possui a vista espiritual vê pelo seu próprio espírito, não sendo de necessidade, para o surto de sua faculdade, o concurso de um espírito estranho”.

A mesma observação pode ser feita em relação aos médiuns videntes, auditivos e sensitivos ou impressionáveis, sendo, portanto, nesses casos, um fenômeno anímico, não propriamente mediúnico.

Sabemos que o médium vê, ouve ou sente o que está na esfera de irradiação de seu perispírito, havendo, então, uma combinação de seus fluidos com os do plano espiritual. Dessa forma, podemos entender o mecanismo segundo o qual os espíritos humanos se tornam visíveis para os animais, como disse Erasto, exemplificando com o relato bíblico da “Mula de Balaão”. Entre os vários casos com a participação de animais que já ouvi, lembro-me de um muito interessante. Em uma certa família, era hábito de um idoso senhor chegar em casa à tarde, sentar-se em sua cadeira de balanço e tirar os sapatos. Como um ato contínuo, seu amigo e fiel cão ia ao quarto e lhe trazia os chinelos. O tempo passou e esse senhor desencarnou. Certo dia, essa família estava reunida na sala quando se percebeu uma repentina mudança de comportamento no cão, que demonstrava alegria. O impressionante é que o animal se dirigiu ao quarto do antigo dono e, trazendo os chinelos, depositou-os no lugar de costume, diante da cadeira de balanço. Surpresos e emocionados, os familiares se entreolharam e perguntaram: será que ele está lá? Analisando o que aconteceu, não podemos afirmar que sim ou não. Obedecendo aos rigores do método racional, podemos dizer apenas que o ocorrido sugere que, de fato, o espírito do senhor desencarnado esteve lá, tendo a sua presença percebida pelo cão.

SENTINDO INFLUÊNCIAS

Encontramos outra passagem interessante sobre esse item no relato bíblico da “cura do endemoniado geraseno”. Possesso de demônios, o homem recorreu a Jesus para curá-lo. Então, os seres rogaram a Jesus que não os mandasse sair para o abismo. Pastando no monte, uma grande manada de porcos andava por ali e eles pediram permissão para entrar naqueles animais. E Jesus permitiu. Os demônios saíram do homem e entraram nos porcos, que se precipitaram para dentro do lago e se afogaram.

Pelo texto, podemos entender que os demônios ou espíritos obsessores exerciam uma influência deletéria sobre o homem. Certamente o vampirizavam, pois esses espíritos se alimentavam do fluido vital de encarnados. Aliás, André Luiz relata como esses espíritos se amontoam nos matadouros para captar o fluido vital que emana dos animais sacrificados. Então, uma vez que tiveram de se afastar do homem, pois a autoridade de Jesus assim determinava, serviram-se dos porcos que por ali passavam para, com certeza, continuarem a se valer de alguma fonte do fluido vital de que necessitavam. É o sentido que vejo no texto, já que não podemos levar ao pé da letra a informação de que os demônios “entraram nos porcos”. Esses animais “sentiram” a influência ou a presença da legião de obsessores, tornando-se extremamente perturbados por ela.

Agora, se os porcos sentiram os espíritos, será que eles atuaram como médiuns? É uma questão complexa. Segundo O Livro dos Médiuns, “todo aquele que sente a influência dos espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium”. Esse é um conceito bastante amplo (“lato sensu”, como poderíamos dizer) e, nesse caso, abrangeria até os porcos do caso do “endemoniado geraseno” ou daquele cão que foi buscar os chinelos do senhor desencarnado. Entretanto, em uma visão mais focalizada e remontando à origem etimológica do termo, o vocábulo “médium” seria utilizado única e exclusivamente para manifestações de efeitos intelectuais, quando a atuação do indivíduo é a de intermediário.

Por fim, permitam-me uma reflexão. Imagino que os prezados confrades, a essa altura, estão entendendo bem a razão peta qual decidi tratar o assunto como questão, ou seja, como tema a ser discutido. E se estamos com a proposta de discutir, temos que estar abertos para as possíveis explicações, sem idéias preconcebidas nem preconceitos, valendo-nos, é claro, de informações contidas nas obras básicas da codificação espírita, assim como da lógica e da razão, como recomendou Kardec. No meu entender, a questão da mediunidade dos animais continua em aberto, pois ainda existem mais perguntas do que respostas, estando a própria discussão do conceito de “médium” implicada na discussão do assunto.

Notas: (Extraído da revista Cristã de Espiritismo 20, páginas 44-48)

12/09/2008

Mediunidade – Somos Todos Médiuns?

Abel Glaser, conferencista, médium e escritor espírita, nos fala que “pode-se ser médium no sentido amplo e no sentido restrito da palavra. No sentido amplo todos o somos, pois não existe ninguém que não aja sobre terceiros recebendo intuições e inspirações de Espíritos elevados ou sugestões e influenciações de Espíritos inferiores, cabendo a cada um, pelo uso do livre-arbítrio, fazê-lo de maneira positiva ou não.”

Temos, então, a mediunidade no dia-a-dia, ampla, (todos nós) e a mediunidade restrita praticada na Casa Espírita, os chamados médiuns de trabalho (psicografia, psicofonia, etc.). Os dois tipos de mediunidade estão sujeitos à atuação espiritual. E a intuição é a forma geral de recebermos influências, sugestões e idéias dos espíritos. Exemplo - Livro: Resgate na cidade das sombras (Esp. Vinícius, Edit. Lúmem).

Samuel Júnior foi convidado para o aniversário do colega Jorge (em Bairro da Periferia). Os pais de Jorge eram alcoólatras. Durante a festa, um grupo de adolescentes, querendo criar problemas, disse aos pais de Jorge que ele consumia drogas. Foi um tumulto, a festa acabou.

Os pais de Jorge o acuaram, acusaram-no, agredindo com palavras. Júnior, o jovem convidado, procurou acalmar os pais, dizendo que aquele momento não era de cobranças, de acusação, de coação. Mas, sim, de muita compreensão, de apoio, pois Jorge precisava disso.

E disse também que eles não tinham muito o que falar já que alcoolismo é também droga.
Júnior continuou acalmando os pais de Jorge, e acabou ficando amigo. (Os mentores disseram que, naquele momento, Júnior era INSPIRADO pelo espírito do avô de Jorge que desencarnara há 20 anos). Vemos aí que Júnior não era médium de casa espírita, nem sabia disto, E ESTAVA SENDO USADO MEDIUNICAMENTE para o bem, pois sua índole, suas boas vibrações permitiam.

Com a interferência dos espíritos em nossa vida, quando negativas, surgem (aumentam) os problemas de relacionamentos entre os casais, os amigos, os colegas de trabalho.
Vêm os pensamentos negativos, as doenças, as depressões, os medos, encaminhamento para drogas, álcool, sexo desregrado.

Tudo por influência. Por quê? Pelo uso do nosso livre-arbítrio. Nossas imperfeições, nossas fraquezas. Perguntamos, então, como ser um bom médium? Como ser uma boa pessoa? É possível separar a pessoa do médium já que todos o somos? Você acha que pode ser um bom médium e ser um mau patrão? Ser um bom médium e ser um marido adúltero? Ser uma boa médium e ser uma mãe agressiva, intolerante? Ser um bom médium e ser uma pessoa desonesta?

NÃO! Também não pode ser uma boa pessoa com esses defeitos de caráter. Assim, com certeza, atrairá influências espirituais negativas. Então, o que for ensinado ao médium da Casa Espírita para ser um bom médium, serve para todos nós: - QUE É O BOM COMPORTAMENTO. Ser um bom médium é ser uma boa pessoa, um bom cidadão, um bom pai, um bom filho, um bom Cristão. Além dos trabalhos mediúnicos dos médiuns ostensivos, todos podemos ser SEMPRE médiuns dos bons espíritos, onde estivermos QUANDO SOMOS DO BEM. Quando abrimos o canal do bem, o bem passa por nós (somos intermediários); quando abrimos o canal do mal, o mal passa por nós. Tornamo-nos médiuns do mal.

Quando sabemos de tudo isso, não mais podemos aceitar a prática dos erros, (Preconceito, desonestidade, vingança, ciúme, inveja, maldade), pois os Espíritos vêm nos usar quando agimos assim, por encontrar afinidade, sintonia.

Assim como podemos ser médiuns dos bons Espíritos, do bem, podemos ser médiuns de vingança, médiuns de vícios, médiuns da sexualidade desregrada. No livro Despedindo-se da Terra, pág. 173 (IDE), Médium André L. Ruiz, Espírito Lúcius, dois Espíritos obsessores conversam, um explicando ao outro como nos influenciam.

Diz: -...” Nós colocamos as coisas na mente dos imbecis e eles obedecem, achando que são donos da verdade e das próprias vontades. São uns bonecões, sacolejando seus esqueletos por aí, bancando o importante, os bacanas, escondendo-se atrás de copos e maços de cigarros, drogas e prazeres, dos quais somos nós os que gozamos, sugando tudo aquilo que eles nos oferecem. Basta achar o cara certo e dizer-lhe o que deseja escutar que, a partir daí, fica fácil que nos sirva até o esgotamento.” (o espírito usa a pessoa e esta pessoa é médium dela para atender suas necessidades) Explicação dos mentores. Pág. 203... “Antigos viciados, pervertidos e irresponsáveis de todos os tempos, sem desejarem empenhar-se no esforço do crescimento e da transformação pessoal, passam a acompanhar os encarnados que são sensíveis às suas influências, coisas que, para acontecer, precisam contar naturalmente, com afinidade de gostos e desejos íntimos entre as duas partes.”

Os Espíritos NÃO podem ter as mesmas sensações dos encarnados. – Precisam do corpo para tê-las. Por isso, buscam os encarnados em suas tendências para usá-los.
(é um tipo de mediunidade).

Exemplo. No dia 12.fevereiro.2008, um aluno do Coem, recebeu em psicografia uma mensagem de espírito que desencarnou devido ao alcoolismo. Sofreu muito. Sentia desejo da bebida. Sentia, dizia, necessidade do cheiro do álcool. Já socorrido, às vezes fugia do local (Pronto socorro) Para FICAR PERTO dos que bebiam!

“Os Espíritos estão por toda parte e muitas vezes são eles que vos dirigem” (perg. 459 L. E). Espíritos assediam o médium antes ou no dia da reunião. Da mesma forma que espíritos nos assediam no dia-a-dia. SOMOS CANAIS DE INFLUENCIAÇÃO. Como fazer para não ser influenciado? Aprendemos a absorver ou rechaçar as energias no curso de médiuns, ao percebermos o envolvimento, fora do local do trabalho, se for energia pesada, rechaçamos, não aceitamos.

Como? – elevando nossos pensamentos e sentimentos, formando defesa vibratória mais elevada do que a do Espírito que se aproxima.
(e orar pelo espírito, pedindo que seja levado pelos bons espíritos). Assim o médium ou nós não nos desequilibramos, porque os controles de nossas vibrações nos protegem.
Se as energias que se aproximam são boas, não precisamos nos preocupar. Mas, se não queremos ser perturbados, tenhamos uma vida regrada e de bons pensamentos.
QUAL A PRIMEIRA NECESSIDADE DE UM MÉDIUM? É evangelizar-se a si mesmo.
(Emmanuel, Liv. O consolador). Antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, ou às tarefas da vida comum. Pois, de outro modo, poderá esbarrar sempre com os fantasmas do personalismo (egocentrismo, individualismo) em detrimento de sua missão.

O que fazer então para não sofrermos influências negativas? Descrevendo, os mentores falam dos médiuns que mesmo pessoas comuns, mantêm-se em condições de boa prática mediúnica. E explicam como: – procuram disciplinar-se, exercitam a renúncia, cultivam a bondade constante e, por intermédio do esforço próprio no bem e no estudo nobremente conduzido, adquirem elevado teor de vibração mental. Importante para a realização de um bom trabalho.

Eurípedes Barsanulfo nos diz que trabalhar e estudar ainda não é tudo. É preciso melhorar-se a si mesmo. E a pergunta 919 do L.E, que consideramos a mais importante, nos ensina como fazer o verdadeiro preparo para sermos bons médiuns, qualquer que seja a nossa situação.
Pois todos somos médiuns.


O Arauto
Publicação Bimestral Órgão Oficial da USE Intermunicipal de Piracicaba

29/06/2008

JUCA Nº13 - Mediunidade é uma Faculdade Natural


Mediunidade é uma Faculdade Natural:
• É uma Faculdade porque permite sentir e transmitir a influência dos Espíritos entre o mundo físico e o es­piritual, e pode ou não ser usada.
• É Natural, pois se manifesta espon­taneamente, mas pode ser exer­­citada ou desenvolvida. Sua eclosão não depende de lugar, idade, sexo, condição social ou filiação re­ligio­sa.
A maioria nem percebe o inter­câmbio oculto em seu mundo íntimo, na forma de pensamentos, no estado de alma, nos impulsos, nos pressen­timentos e etc. Mas há pessoas em quem o intercâmbio é ostensivo. Nelas, os fenômenos são freqüentes e mar­cantes, acentuados e bem caracte­rísticos (psicofonia, psicografia, efei­tos físicos etc.), nesses casos perce­bemos que a mediunidade está "aber­ta", ou seja, a recepção de mensagens espirituais já se manifestou de alguma forma. A essas pessoas denominamos médiuns.

MÉDIUM é uma palavra de origem latina; quer dizer medianeiro, que está no meio.
De fato o médium serve de inter­mediário entre o mundo físico e o espi­ritual, podendo ser o intérprete ou ins­tru­mento para o espírito desencar­nado. Para tanto, há requisitos, direi­tos e deveres a serem cumpridos por todas as pessoas, esteja ela com a mediunidade aberta ou não.

SAIBA:
• Todas as pessoas que sentem as influências dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade são Médiuns.
• Médium é intermediário, instru­men­to de que se servem os Espíritos de­sencarnados superiores ou inferio­res;
• Essa manifestação atua na vida espiritual, portanto, durante atua na vi­da atual, atuou na vida anterior, atuará depois da morte e até na próxima reen­carnação.
• Ser um bom médium depende úni­ca e exclusivamente do poder de DAR e RECEBER do médium – EMITIR e ASSIMILAR FLUIDOS DOS ESPÍRITOS.
• Ser médium não é privilégio no sentido da "vaidade", mas é privilégio no sentido da grandiosidade que é pos­suir este Dom, e principalmente ser mé­dium é ser privilegiado no sentido da opor­tunidade que temos para aprender, evoluir e resgatar nossos carmas.

QUEM APRESENTA PERTURBAÇÃO É MÉDIUM?

Muitas vezes, ao eclodir a mediuni­dade, a pessoa costuma dar sinais de sofrimento, perturbação, desequilíbrio. Fir­mou-se até um conceito errado entre o povo: se uma pessoa se mostra per­turbada deve ter mediunidade.
Entretanto, a mediunidade não é doença nem leva à perturbação, pois é uma faculdade natural.
Se a pessoa se perturba ante as manifestações mediúnicas é por sua falta de equilíbrio emocional e por sua ignorância do que seja a mediunidade, ou porque está sob a ação de espíritos ignorantes, sofredores ou maus.
Alguns sinais que, se não tiverem causas orgânicas, podem indicar que a pessoa tem mediunidade.
•sensação de "presenças" invisí­veis;
•sono profundo demais, des­maios e síncopes inexplicáveis;
•sen­sações ou idéias estranhas, mu­danças repen­tinas de humor, crises de choro; •"ballonement" (sensação de inchar, dilatar) nas mãos, pés ou em todo o corpo, como resultado de desdobra­mento perispiritual;
•adorme­cimento ou formigamento nos braços e pernas;
•arrepios como os de frio, tremores, ca­lor, palpitações.

O MÉDIUM DEVE SABER QUE:

Cada médium é uma linha de força e a interação dessas linhas irá formar um campo elétrico que será ma­is forte na medida em que as emissões dos médiuns forem mais elevadas, ou seja as linhas de força dependem da intensidade de pensamentos bons e amoráveis do médium.
O professor C. Torres Pastorino na sua obra Técnicas de Mediunidade compara o médium a um capacitor ou condensador elétrico, ou seja, ele é capaz de emitir e receber ondas eletro­magnéticas que podem ser de dife­rentes comprimentos, o que permite o con­­tato com diferentes espíritos, por­tanto, quanto maior a capacidade do mé­­dium em variar o campo de suas emis­sões mentais maior será a sua capa­cidade de comunicar-se com dife­rentes categorias de espíritos.
Para ser um bom médium, precisa ter talento, ou seja, ser bom, saber o que faz e o que é, como se cuidar, o que representa, conhecer a Lei de Ação e Reação, a Lei da Atração, a Lei das Afinidades e seguir o mandamento de Cristo: " Amar a Deus sob todas as coisas e ao seu irmão como a si mesmo".

DESENVOLVER A MEDIUNIDADE: Desenvolver a me­di­unidade não é apenas dar comunicações e incorpo­rar. É apurar e dis­ci­plinar a sensi­bili­dade espiritual, a fim de tê-la nas melho­res con­di­ções possíveis de ma­ni­­fes­tação, e aprender a empregá-la dentro das melhores técnicas e visando as fi­na­lidades mais elevadas.

OBRIGAÇÕES E DEVERES : O desenvolvimento mediúnico abran­ge obrigações e deveres. Não basta incorporar, tem evoluir em es­pírito e isso só acontece seguindo al­gumas regras universais de natu­reza tríplice:

1 - Doutrinação e Evangelização (DEVER)
•Para doutrinar, basta o conhe­cimento intelectual. O médium precisa conhecer e compreender o Universo espiritual, a si mesmo e aos outros seres como criaturas evolutivas, regidas pela lei de causa e efeito.
•Deverá compreender: - o in­ter­­câm­bio mediúnico, - a ação do pen­sa­mento sobre os fluidos emissor e captador, - a compreensão à natureza como fonte inesgotável de energia, - as situações dos espíritos no plano es­pi­ritual superior e inferior, - peris­pírito/espírito (estado de espírito) e su­as propriedades na comunicação me­diúnica, - tipos de mediunidade, etc.
•Para evangelizar é necessária a Luz do amor no íntimo, é preciso vibrar e sentir o ensinamento de Cristo e as Leis Universais.

2- Técnica (OBRIGAÇÃO) São os exercícios práticos para que o médium saiba:
•distinguir os ti­­pos dos espíritos pelos seus fluidos e energias,
•como concentrar ou des­con­centrar,
•como ocorre o desdo­bra­mento, como controlar-se as ma­ni­­­festações (saber abrir e fechar a me- diu­nidade) - analisar o resultado delas.

3 - Moral (DEVER E OBRIGAÇÃO) É indispensável a reforma íntima para que nos libertemos de espíritos perturbadores e cheguemos a ter sintonia com os bons espíritos, à vigilância, oração, boa conduta e a caridade para com o próximo são necessárias, o que atrairá para nós assistência espiritual superior.

Matéria extraída JUCA – Jornal de Umbanda Carismática, edição 13 setembro 2007

06/06/2008

Quando alguém lhe diz:



....Você precisa desenvolver sua mediunidade!

por Bruno José Gimenes

Quantos já ouviram essa expressão?
É uma frase típica, muito utilizada nos centros espíritas/espiritualistas, que possui um significado amplo. No entanto o sentido que essa palavra produz nas pessoas que ouvem, muitas vezes é distorcido em relação ao seu verdadeiro significado.
Como sabemos, a mediunidade é um instrumento de evolução. Ela nos possibilita um crescimento mais rápido, na direção da realização de nossa missão. O que seria de nós sem as possibilidades mediúnicas que ganhamos de Deus?
Então, pense. Certo dia, lá em cima no plano astral, o Papai do Céu nos escalou. Isso mesmo, como um técnico de futebol, que chama seu jogador para entrar em campo. Ele veio e falou:
"Você vai descer, vai voltar para a escola (Planeta Terra). Precisa aprender, evoluir, resgatar muitas coisas, por isso precisa descer...
Mas, você sabe que sua necessidade é grande, possui muitas coisas para curar, muitos erros de outrora para corrigir. Dessa forma, uma existência apenas não seria tempo suficiente para tanto. Por isso filho, vou te proporcionar a mediunidade, como um instrumento para ajudar você a fazer muito mais coisas em menos tempo. Sem essa faculdade, isso não seria possível, pois ela lhe ajudará a otimizar sua encarnação, ou seja, sua experiência no plano físico, que é tão necessário para a reforma íntima".
"Essa dádiva vai lhe permitir fazer grandes tarefas, o que será muito importante para que consigas aproveitar muito bem sua encarnação e seu propósito nessa descida. Entenda que ela é uma grande aliada na sua empreitada, é um presente para lhe ajudar. A mediunidade é como a Betoneira para o pedreiro. Ajuda a virar a massa, mexer o cimento com muito mais facilidade. Sem ela, a abra demoraria muito mais tempo, geraria muito mais desgaste..."
E assim nascemos no plano físico, nos desenvolvemos e chegamos a maturidade (física apenas). E em meio a tantas ilusões e tanto distanciamentos em relação a nossa essência divina, acabamos considerando a mediunidade um "Fardo"! Esquecemos-nos do seu real objetivo... Isso é "cuspir para cima". Um equívoco sem igual ! Desperdiçamos uma oportunidade incrível.
Centros espíritas/espiritualistas, através de seus orientadores, trabalhadores e monitores, alertam para as pessoas sobre a necessidade de trabalhar a mediunidade e desenvolver a espiritualidade.
Normalmente, atuam de maneira amorosa, respeitando o livre-arbítrio de cada um. No entanto é normal, as pessoas fazerem mal uso dessa liberdade de escolha. Alienadas de sua finalidade aqui na Terra, acabam que por rejeitar a sugestão para desenvolver a sua mediunidade.
A recebem como uma coisa ruim, algo incômodo, realmente um fardo.
Se essas casas de amparo e desenvolvimento espiritual pudessem interferir na escolha das pessoas, seus orientadores diriam assim: " Meu irmão, se liga, você recebe um presente de Deus, chamado mediunidade, não porque você é um ser iluminado ou puro, tampouco porque você possui dons extraterrestres. Simplesmente porque você está abarrotado de coisas (karmas) para curar.... Você tem a obrigação de mergulhar nesse entendimento, mas o azar é seu se você virar as costas para essa necessidade, e quiser desperdiçar mais essa oportunidade de evolução".
Então, amigo leitor, pense á respeito: Quando alguém lhe disser a fatídica frase: Você precisa desenvolver a sua mediunidade!
Entenda de uma vez por todas, isso quer dizer que chegou a hora de você utilizar esse poderoso recurso, como um instrumento para dinamizar a sua tarefa de curar-se! Redimir-se de erros do passado e evoluir. Essa é a meta de todos! Com isso, se você fizer bom uso desse instrumento, quando o ciclo dessa vida se finalizar e o desencarne chegar, você voltará ao grande Pai, O Supremo Técnico de futebol, e ele terá o prazer em lhe dizer:
"Parabéns, que ótima partida você realizou, que grande jogo! Agora descanse um pouco e prepare-se para a próxima, temos um Campeonato inteiro pela frente!"

02/05/2008

Mediunidade em seus diferentes aspectos...



...Ressureição... Reencarnação...
Pai Ronaldo Linares


Em que acredita o espiritualista?
A pedra angular da Umbanda e de todo o Espiritismo (ou espiritualismo) é a de que existirá sempre uma vida após outra vida, ou melhor, quando nos separamos de nosso corpo físico pela passagem (morte) para o plano espiritual, apenas o nosso corpo físico se desfaz, nossa alma, liberta de seu material invólucro, prossegue sua existência. A isto, se sucede uma nova existência, um novo nascimento após a completa triangulação, nesta ou em outras formas de vida, neste ou em outro planeta. A cada novo nascimento, depois de um novo período de amadurecimento, outra vez a senilidade e finalmente, a morte, liberando o espírito, até que este possa perder totalmente sua indivi­dualidade para fazer parte do conhe­cimento total, a essência da verdade, que é Deus.
Deferindo totalmente da crença católica, de que após a morte física, o destino da alma é a total aventurança; um período intermediário em que o espírito é punido por pequenos erros; e finalmente, uma eternidade de pro­vações e de castigos aplicáveis àqueles espíritos considerados maus ou inferiores semeadores do mal; em outras pala­vras: o Céu, o Purgatório e o Inferno, onde os espíritos aguardarão a ressur­reição. Isto é, crêem os católicos, que um dia voltarão a ressurgir com os mesmos aspectos físicos de antes da morte, no dia do "Juízo Final". Seria mais ou menos como retornar ao antigo cor­po, que voltaria a ter o mesmo aspecto de antes da morte.
Reencarnação, ao contrário, é o re­nas­ci­mento dessa mesma alma, em outro corpo preparado, ou concebido, para esse fim. Em outras palavras, a morte é uma renovação. É preciso que se morra para que se possa renascer.
Pelo exposto acima, vemos que, entre uma encarnação e outra, o espírito que, em tempo algum deixou de existir, pode de alguma forma se comunicar com os encarnados e, através de alguns encarnados, pode até mesmo servir-se de seus corpos físicos nessas comunicações. A estes, nós chamamos de Médiuns.
Então, o que é Mediunidade?
É a faculdade que de­ter­minados indivíduos possuem, de poderem captar vibrações espirituais. Ou ainda, mais dir­tamente no que se relaciona a Umbanda, mediunidade é a faculdade que determinados indivíduos têm de pode­rem até mesmo emprestar seu corpo físico a um espírito desencarnado.
São várias as formas de mediuni­dade e, no decorrer deste trabalho, nós estudaremos as principais, mas antes, seria interessante esclarecer um proble­ma com que se defronta quase a totalidade dos neófitos na Umbanda, e que consiste no fato de que muitas vezes o Médium tem pleno conhecimento do que ocorre quando incorporado, chegando mesmo, às vezes, a criar uma dúvida angustiante, gerando perguntas, tais como:"Como eu posso ser médium, se eu sei tudo o que a entidade diz ou faz"? ou ainda: "Foi a entidade, ou fui eu quem disse, ou fez algo quando incorporado"?
Isso acontece principalmente por­que criou-se, dentro das diferentes doutrinas espíritas ou espiritualistas, um verdadeiro tabu: o de que só é Médium (como o próprio nome diz, o meio de que se servem os espíritos para suas comunicações), aquele que não tem consciência do que ocorre durante a incorporação. E isto não se resume apenas aos neófitos. Átila Nunes, em seu livro "Antologia da Umbanda", pergunta: "Haverá médiuns inconscientes?"
Onde está então a verdade?
Via de regra, quase todo médium passa por diferentes estágios durante seu desenvolvimento mediúnico. Geralmente, as primeiras manifestações ocorrem em estado de inconsciência, depois, quando se inicia o desenvolvimento, o Médium passa por um período de quase total consciência e, posterior­mente, à medida que a entidade se adapta e o constante exercício da incorporação, tornam o médium melhor adap­tado às suas funções. O Médium passa primeiro por um estado de semi­consciência, isto é, não consegue se lembrar de detalhes, como se tudo tivesse ocorrido num sonho, como se estivesse vendo através da névoa, ou depois de ter abusado do álcool, para de­pois então, tornar-se totalmente inconsciente. Embora conheçamos não poucos bons Médiuns que sempre fo­ram totalmente inconscientes, enquanto outros, não menos eficientes, nunca conheceram em sua plenitude a inconsciência.
Para melhor facilidade de compreensão, vamos ilustrar da seguinte forma:
Faça de conta que o Médium é um automóvel e o seu espírito é o motorista (que o conduz). Imagine agora, que um outro motorista que não tem mais seu automóvel (o corpo físico), peça ao primeiro para usar o seu, mas com a condição de que o primeiro participe do passeio, ou viagem. Então, o motorista (proprietário do automóvel) empresta seu carro para o outro e senta-se no local destinado ao passageiro. Como o mesmo não sabe de que forma o outro dirige, durante algum tempo até se certificar da habilidade do outro motorista, ele viajará apreensivo, pois cada erro notado será um arranhão em seu patrimônio. Se o segundo motorista avança um sinal, será o primeiro quem levará a multa, ou se arriscará a sofrer danos em seu veículo. Todavia, se após algum tempo de viagem, o primeiro constata que o segundo motorista é cuidadoso, que não comete imprudências e zela pelo seu veículo, poderá até se distrair, observar a paisagem e, ao final da viagem, embora naturalmente cheguem juntos, o primeiro por haver se distraído, não saberá citar com certeza todos os detalhes do caminho e, quando mais tarde, partirem para outros passeios mais longos, fatalmente acabará por se abandonar no banco do carro, adormecendo. Naturalmente que no final dessa viagem, nã terá nenhuma recordação do que aconteceu enquanto dormia, embora não houvesse, em tempo algum, se ausentado do veículo, e tivessem chegado exatamente juntos ao final da viagem.
O primeiro caso mencionado, é o do Médium Consciente, que em início de desenvolvimento não consegue se en­tregar por inteiro à entidade, trabalhando a maior parte das vezes, irradiado, sem uma total e completa incorporação;
O segundo caso, aplica-se ao Médium que, depois de alguns anos de trabalhos constantes, quando mesmo tendo sido considerado sempre como Médium Consciente, lembra-se apenas parcialmente dos fatos ocorridos durante o transe mediúnico, não conseguindo fixar-se nos detalhes;
O terceiro caso citado, é do Médium que, atingindo uma total identificação vibratória com a entidade, pode abandonar-se, permitindo então, o mais absoluto controle de seu corpo e de sua mente pela entidade incorporante. Resultando disto, não conseguir lembrar-se absolutamente de nada do que lhe aconteceu durante a incorporação.

17/09/2007

Mediunidade

"Alguns seres, que possuem dons de mediunidade e de clarividência, afirmam que captam mensagens do mundo invisível. Mas o que eles, na maioria das vezes, chamam de «mensagens» é feito de elementos díspares e, portanto, é preciso considerá-las com prudência e também com desconfiança.
O mundo invisível compreende duas regiões (para simplificar, dizemos duas): uma inferior e outra superior. Então, ele não é habitado apenas por entidades boas e luminosas, cheias de benevolência para com os seres humanos. Esse mundo também é habitado por outras entidades tenebrosas cujo maior prazer está em jogar com os humanos. Apenas a pureza, a nobreza e harmonia que emanam de um ser podem testemunhar a autenticidade das mensagens que ele recebe. Sim, a mediunidade é uma faculdade que deve ser apreciada, pois ela não é dada a todos. Mas para ser exercida corretamente, ela exige uma grande disciplina de vida."